segunda-feira, 16 de junho de 2014

2° Capitulo - A Garota da Capa Vermelha

Valerie esperava sentada na beira da rua com as pernas estendidas; o chão estava úmido do orvalho matinal. Ela não se preocupou com os pés sendo chutados; ela nunca ligava para coisas desse tipo. Agora ela estava mais velha – dez anos haviam se passado desde aquela noite terrível em que ela encarara os olhos do mal. Embora hoje, passando pelo altar de sacrifício, Valerie nem tivesse percebido a pilha de ossos que sobrara dos sacrifícios da noite anterior. Como todas as outras crianças da aldeia, vira isso acontecer uma vez por mês durante toda a vida e havia parado de pensar no que aquilo significava.
A maioria das crianças tornava-se obcecada pelas noites de lua cheia em algum momento de suas vidas; elas paravam no altar nas manhãs seguintes para examinar o sangue seco e fazer perguntas: o Lobo fala? É como os outros lobos na floresta? Por que o Lobo é tão mau? As respostas que foram emitidas muitas vezes eram mais frustrantes que nenhuma. Os pais tentavam proteger os filhos, aquietando-os, dizendo para não falar daquilo. Mas às vezes eles deixavam escapar algumas informações, dizendo: “Fizemos um sacrifício aqui para que o Lobo não venha e coma as lindas menininhas, como você” enquanto beliscavam seus narizes.
Desde seu encontro com o Lobo, Valerie havia parado de fazer perguntas a respeito. No entanto, muitas vezes, à noite, ela era tomada pela lembrança. Acordava e observava Lucie, que adormecia fácil e se deitava bem quieta na cama compartilhada. Sentindo-se desesperadamente sozinha, Valerie olhava-a por um longo tempo, até o pânico se tornar excessivo, e se aproximava para sentir a pulsação da irmã.
— Pare com isso! — Lucie protestava sonolenta, procurando e batendo na mão de Valerie.
Esta sabia que sua irmã não gostava de pensar nos seus batimentos cardíacos. Isso a lembrava de que ela estava viva, que era falível, apenas de carne e ossos.
Nesse momento, Valerie correu os dedos sobre o chão gelado da ruela, sentindo os sulcos entre os blocos de arenito antigo. Parecia que a pedra poderia desmanchar, como se estivesse apodrecendo por dentro e, com um pouco mais de tempo, ela poderia esfarelar os pedacinhos com os dedos. As folhas das árvores estavam amarelas, como se tivessem absorvido toda a luz do sol da primavera e resguardassem-na para o inverno.
Era mais fácil se esquecer da lua cheia da noite passada em um dia como hoje. A aldeia inteira se agitava enquanto todos se preparavam para a colheita: os homens corriam com foices enferrujadas, e as mulheres se inclinavam para fora das janelas de suas casas, derrubando pães em cestas que passavam.
Logo Valerie viu o rosto largo e belo de Lucie quando a irmã surgiu no caminho de volta do chaveiro, onde havia levado uma fechadura quebrada para consertar. Assim que Lucie apareceu no caminho, algumas das filhas jovens dos aldeões se enfileiraram atrás dela com um andar estranho, como um ritual. Quando se aproximaram, Valerie percebeu que Lucie estava ensinando as quatro meninas a fazer mesuras.
Lucie era suave de uma maneira incomparável, a própria suavidade da natureza e do ser. O cabelo dela não era vermelho nem loiro: era das duas cores. Ela não pertencia a Daggorhorn, mas a uma terra doce, onde o céu brilhava em amarelo, azul e rosa, como aquarelas. Ela falava de poesia; sua voz doce como música. Valerie sentiu como se sua família estivesse com Lucie apenas por empréstimo. “Como é estranho ter uma irmã”, Valerie pensou. “É alguém que você poderia ter sido”.
Lucie parou diante de Valerie, e a fila de meninas também brecou. Uma pequenina, com os joelhos manchados de terra, olhou para Valerie analisando-a, decepcionada por ela por não ser mais parecida com a irmã mais velha. A aldeia sempre pensava em Valerie como a outra, a irmã mais misteriosa, a não-Lucie. Duas das meninas observavam um homem do outro lado da rua que tentava freneticamente prender a canga do boi na sua carroça.
— Ei! — Lucie fez a quarta garota girar, curvando-se para manter a mão pequenina da menina acima da cabeça. A menina hesitou em fazer a volta, em tirar os olhos de seu ídolo. As outras meninas pareciam impacientes, sentindo que elas também deveriam ter a sua vez.
Valerie coçou a perna, descarnando uma crosta.
— Vai deixar uma cicatriz. — Lucie deteve a mão da irmã.
As pernas de Lucie não tinham marcas, eram impecáveis. Ela as hidratava com uma mistura de farinha de trigo e óleo quando sobrava um pouco para ser usado.
Examinando suas próprias pernas – mordidas por insetos, machucadas e sofridas, Valerie quis saber:
— Você já ouviu falar alguma coisa sobre o acampamento?
— Todo mundo já conseguiu permissão! — Lucie sussurrou, inclinando-se — Agora temos de ir.
— Bem, só precisamos convencer mamãe.
— Tente você.
— Está louca? Ela nunca vai me dar permissão. É você que sempre consegue tudo que quer.
— Talvez — os lábios de Lucie eram grandes e rosados. Quando ela ficava nervosa, ela os mordia e eles ficavam mais rubros ainda. — Talvez você esteja certa — ela disse sorrindo. — Em todo caso, eu estou um passo à sua frente.
Com um sorriso malandro, ela estendeu seu cesto a Valerie, que adivinhou o que tinha dentro antes mesmo de ver. Ou talvez ela tenha sentido o cheiro. Os bolinhos doces preferidos de sua mãe.
— Que ótima ideia! — Valerie se levantou, batendo na parte de trás da túnica para tirar a terra.
Lucie, satisfeita com a sua esperteza, pôs o braço ao redor de Valerie.
Juntas, elas devolveram as meninas para as mães, que trabalhavam nos jardins. As mulheres eram duras nesta aldeia e, no entanto, até mesmo a mais carrancuda de todas sorriu para Lucie.
A caminho de casa, elas passaram por alguns porcos que resfolegavam como velhos doentes, um cabritinho que tentava seguir algumas galinhas que o ignoravam e uma vaca que calmamente ruminava o feno.
Passaram pela longa fileira de casas, sobre as palafitas, como se estivessem prontas para fugir, e chegaram à penúltima. Içando-se acima pela escada, as meninas entraram na paisagem de suas vidas. A cômoda de madeira era tão torta que as gavetas se recusavam a fechar. A cama de tábuas e cordame soltava farpas. A tábua de lavar que seu pai fizera para a mãe no inverno anterior estava agora desgastada – ela precisava de outra. As frutas vermelhas na cesta estavam rasas e espalhadas para que nenhuma se amassasse. Em um raio de luz vindo da janela, alguns pedacinhos de pena de estofar flutuavam no ar, lembrando Valerie de quando elas pulavam no colchão quando garotinhas e nuvens inteiras de penas ficavam voando ao redor delas.
Não havia muito que distinguisse a casa delas das dos outros. A mobília em Daggorhorn era simples e funcional. Tudo tinha um propósito. A mesa tinha quatro pernas e um tampo achatado, nada mais.
Sua mãe estava em casa, é claro. Trabalhando no fogão, ela estava perdida em pensamentos. O cabelo estava preso em um coque frouxo no alto da cabeça, com alguns fios pendurados soltos na nuca.
Antes de as meninas chegarem, Suzette estava pensando em seu marido, em todos os seus defeitos e virtudes. Sua maior falha, de acordo com ela – aquela que não era perdoável – era que ele não tinha imaginação. Ela pensou num dia recente. Sentindo-se mais sonhadora, com vontade de lhe dar uma chance, ela perguntara, esperançosa: “O que você acha que há fora dos muros?” Ele mastigou a comida e engoliu em seco. Chegou a beber um pouco de cerveja. Parecia pensar. “Um bocado mais da mesma coisa, acho”. Suzette sentiu-se como se estivesse caindo ao chão.
As pessoas isolavam sua família. Suzette sentia-se desligada das coisas, como uma marionete cujos fios haviam sido cortados.
Mexendo o ensopado, ela percebeu que estava presa em um redemoinho – quanto mais ela batalhava para sair, com mais força era arrastada para o fundo, fundo, fundo...
— Mamãe! — Lucie veio por trás dela e gentilmente fez cócegas nas suas costas.
Suzette retornou ao mundo das filhas e de ensopado cru.
— Vocês estão com sede? — Suzette se animou e despejou duas xícaras de água. Ela adoçou a de Lucie com um pouco de mel, mas Valerie, ela sabia, não gostava assim. — Que vocês duas tenham um ótimo dia hoje — ela disse, entregando o copo certo para cada garota.
Suzette era grata por ter a desculpa de ficar em casa cozinhando a refeição dos homens na colheita. Ela voltou a mexer o cozido em um caldeirão redondo enorme com alças dos dois lados, cuja parte de baixo tinha uma protuberância que Lucie sempre achava estranha, pois não era bem uma meia esfera. Ela não gostava de coisas que pareciam incompletas. Valerie deu uma espiada dentro. No caldeirão havia uma mistura de aveia integral, sementes beges e cinzentas, e algumas ervilhas se destacavam no meio de tudo.
Lucie tagarelava enquanto Valerie começou a trabalhar, ajudando Suzette a picar as cenouras em tirinhas finas. Suzette estava quieta. A fala de Lucie enchia o ar morto, mas Valerie se perguntou se havia algo errado. Com cuidado, devido ao humor de sua mãe, como havia aprendido a fazer no passado, ela adicionou alguns legumes à panela: couve, alho, cebola, alho-poró, espinafre e salsinha.
O que Valerie não podia saber era que Suzette retornara aos pensamentos sobre o marido. Cesaire era um pai zeloso, um marido cooperativo, mas isso não era tudo que Suzette havia prometido a si mesma. Se as expectativas fossem menores, as deficiências dele poderiam não ter sido tão devastadoras.
Suzette era agradecida pelo que ele havia feito, pelo exemplo que dera. Sentia que havia lhe pago o suficiente por essas coisas, mantendo a casa sempre arrumada e amando as crianças. Ela teve de reconhecer que talvez no casamento, como em qualquer obrigação contratual, em termos de dever e de ter devido, não havia provisão para o amor.
Sentindo-se satisfeita por esta conclusão, Suzette virou-se para as garotas e viu Valerie olhando para ela com aqueles olhos verdes penetrantes, quase como se ela pudesse ouvir os pensamentos da mãe. Suzette não sabia de onde os olhos de Valerie tinham vindo; tanto os dela quanto os de Cesaire eram castanho-claros. Ela pigarreou.
— Que bom que vocês, meninas, estejam ajudando assim. Já disse antes e vou dizer novamente: é preciso aprender a cozinhar, Valerie, quando você começar a construir sua própria casa. Lucie já sabe.
Lucie era como Suzette. Elas previam e planejavam. Valerie e Cesaire eram rápidos no pensamento e na ação.
— Tenho dezessete anos. Não precisamos ter pressa.
Valerie fatiou uma batata, cortando a casca e a polpa aveludada e firme. Deixou as duas metades caírem separadas sobre a mesa áspera. Ela não gostava de pensar nas coisas que sua mãe sempre insistia em falar.
— Você já está na idade de casar, Valerie. Agora você é uma moça.
Com esta admissão, todos os pensamentos sobre qualquer responsabilidade futura se dissiparam das mentes das irmãs. Elas viram a oportunidade se abrir.
— Então, mãe. Vamos sair para a colheita em breve — Lucie começou.
— Claro que sim. Sua primeira vez, Valerie — Suzette disse, olhando para baixo para esconder seu orgulho enquanto começava a ralar o repolho.
— Algumas pessoas, algumas mulheres, vão ficar até depois... — Valerie acrescentou.
— No acampamento, ao pé da fogueira — Lucie continuou.
— Hã, ahã — Suzette aquiesceu, sua mente começando a divagar.
Então Valerie disse:
— A mãe de Prudence vai levar algumas das outras garotas para acampar.
— E queríamos saber se poderíamos ir também. — Lucie completou.
— Com a mãe de Prudence? — Suzette processou a única parte concreta das informações que havia recebido.
— Por favor, por favor — Valerie insistiu.
Ela pareceu aceitar a explicação.
— As outras mães já deixaram?
— Sim — Valerie respondeu.
— Tudo bem. Acho que tudo bem — a mãe disse distraidamente.
— Obrigada, obrigada, obrigada!
Foi só então, vendo o grau de gratidão, que Suzette percebeu que havia consentido em algo que talvez não devesse.



— Não consigo acreditar que ela disse sim! — Valerie exclamou.
— Foi tão bom quando você ficou dizendo “por favor”, daí ela nem teve tempo para pensar!
As meninas se abraçaram na rua esburacada que dava na praça da aldeia.
— E você foi ótima fazendo cócegas nas costas dela!
— Foi uma boa, né? Sei que ela gosta disso.
Lucie sorriu de satisfação.
— Lucie! Não me diga que você trouxe todo o seu guarda-roupa.
A amiga Roxanne olhou para elas da esquina, a testa pálida enrugada com linhas de preocupação. Duas outras moças apareceram atrás dela: Prudence e Rose.
Em seus braços, Lucie abraçava a trouxa que Valerie percebeu tardiamente que era enorme.
— Você vai ter de carregar o dia todo — Valerie falou.
Prudence olhou zangada, sabendo que Lucie, por vezes, era exagerada.
— Se ficar cansada, não vamos carregar para você.
— São cobertores extras. — Lucie sorriu. Ela sentia muito frio.
— Planejando ter companhia? — Rose quis saber, com uma sobrancelha arqueada.
Valerie pensou que as três amigas pareciam um trio de deusas míticas. O cabelo de Roxanne tinha cor de ferrugem e era suave. Era tão fino que parecia que poderia se ajustar dentro de um talo de palha. Suas sardas eram suaves, como manchas em uma asa de borboleta. Com os seus espartilhos, blusas e xales, era óbvio para Valerie que ela era tímida em relação ao seu corpo.
Rose, por outro lado, mantinha os laços da blusa soltos e não se apressava a arrumá-los se o decote descesse um pouco demais. Ela era bonita: tinha a boca em forma de coração e o rosto fino, e chupava as bochechas para deixá-lo mais estreito ainda. Seu cabelo era tão escuro que ficava preto, marrom ou azul dependendo da luz. Se usasse uma blusa mais elegante, Rose quase poderia se passar por uma senhora da nobreza... pelo menos até abrir a boca.
Prudence era de uma beleza melancólica, com cabelos castanhos claros e gestos calculados. Em geral, sua língua era afiada, com palavras ríspidas, mas depois se desculpava. Era alta e um pouco arrogante.
Todas as cinco meninas saíram dos portões da aldeia até o morro, em direção aos campos, deparando-se com uma fila de homens que também estavam animados. O vilarejo em si parecia bem desperto; a expectativa pairava no ar como o cheiro de um tempero forte e inesperado.
O irmão de Roxanne, Claude, alcançou-as e acabou tropeçando quando tentava chutar uma pedra, levando-a adiante a cada passo.
— O-ooi!
Os olhos de Claude eram cinza e rápidos. Ele era um pouco mais jovem que as meninas, um pária da aldeia, pois sempre havia sido um pouco... diferente. Sem explicação, Claude usava uma única luva de camurça, e estava sempre embaralhando um jogo de cartas feito à mão que carregava consigo o tempo todo. Os bolsos estavam sempre puxados para fora da sua calça de retalhos, uma mistura de todos os pedaços de estopa e couro que sua mãe recolhia por aí. O pessoal o provocava por causa disso, mas ele não se importava; tinha orgulho do trabalho incrível da mãe, que ficava até tarde da noite na costura e ainda dava o duro na taberna como sempre.
Diziam que Claude havia caído de cabeça quando bebê, e que por isso ele era estranho. Valerie achava essa ideia ridícula. Ele tinha uma bela alma.
O problema era que, em vez de se apressar para impor suas próprias palavras, como todo mundo faz, ele realmente ouvia. E isso fazia as pessoas pensarem que ele era lento. Mas era gentil e bom, amava os animais e as pessoas.
Ele nunca lavava suas meias. E ninguém também as lavava para ele.
Tanto ele quanto Roxanne tinham sardas, mas Claude tinha muito mais, até mesmo nos lábios. Todos chamavam Roxanne e Claude de cabeça de ferrugem, mas Valerie nunca soube por quê. Ela pensava que deveria ser por falta de imaginação. Ela os chamaria de “cabeça de pôr-do-sol às seis horas” ou “cabeças de tentáculos de algas do fundo do lago”. Valerie cresceu sentindo inveja daqueles cabelos porque sentia que tinham algo de especial; eram uma marca de Deus.
Claude e Valerie ouviram como as outras garotas conversavam sobre os rapazes das aldeias vizinhas que viriam para ajudar na colheita. Claude perdeu o interesse e caminhou vagarosamente em direção ao centro da cidade.
Entretanto, algo mudou no ambiente quando as meninas passaram por um posto de ferreiro temporário, ao ar livre, que havia sido montado no caminho da colheita. As meninas sentiram necessidade de chamar a atenção. Uma aceleração da respiração. Uma perda de foco. Valerie, decepcionada, estreitou os olhos para as amigas, pois eram espertas demais para isso. Perder a cabeça por causa de um garoto. Henry Lazar.
Ele era magro e vistoso, tinha cabelos curtos e um sorriso relaxado. As meninas o viram lá fora, trabalhando com o pai, Adrien, igualmente bonito, consertando eixos para as carroças das colheitas. Da mesma forma como algumas pessoas curtiam cozinhar ou trabalhar no jardim, Henry amava os meandros das fechaduras: o processo de planejamento, o projeto, a fabricação. Ele já mostrara algumas que havia feito para Valerie, quadradas e redondas: uma moldada com destreza como a cabeça de um gato, e outra como uma casa virada, desenhada por uma criança, ou um elmo de família.
Valerie acenou espontaneamente enquanto as amigas emudeceram, sorrindo timidamente para os próprios pés, e passaram adiante. Apenas Lucie fez uma mesura polida. Henry balançou a cabeça, sorrindo.
Rose recuou no último momento para ter certeza de que seus olhos encontrariam os de Henry e prendeu o seu olhar por tempo suficiente para que ele se sentisse desconfortável.
Fora isso, as meninas fingiam que Henry não as afetara de modo algum, e continuaram a conversa, ligadíssimas. Como estavam tão próximos, sentiram que admitir a atração as tornaria vulneráveis. Além disso, dessa forma, cada menina podia sentir como se mantivessem Henry para si mesma. Valerie não pôde deixar de se perguntar por que sua reação fora tão diferente da delas. Na verdade, ele era bonito, charmoso, alto e gentil, mas não a deixava se sentindo mais feminina ou zonza.
— Espero que vocês não se esqueçam de quem está chegando hoje — Valerie brincou.
— Alguns têm que ser bonitos — Lucie acrescentou. — É a lei das proporções.
As meninas se entreolharam e se deram as mãos, pulando para cima e para baixo em uníssono. Elas estariam livres à noite.
E em Daggorhorn, uma noite de liberdade significava tudo.

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