Quando acordo, Radar e Ben estão debatendo o nome do carro aos berros. Ben quer chamá-lo de Muhammad Ali, porque, exatamente como Muhammad Ali, a minivan leva um soco, mas segue em frente. Radar diz que não se pode batizar um carro com o nome de uma figura histórica. Ele acha que a minivan devia se chamar Lurlene, porque gosta da sonoridade.
— Você quer colocar o nome Lurlene? — pergunta Ben, erguendo a voz de tanto horror. — Não acha que o pobre coitado do carro já sofreu o suficiente?!
Solto um dos cintos de segurança e me sento. Lacey se vira para mim:
— Bom dia. Bem-vindo ao grande estado de Nova York.
— Que horas são?
— São 9h42. — Os cabelos dela estão presos em um rabo de cavalo, mas as mechas mais curtas se soltaram.
— Como você está? — pergunta ela.
— Com medo — respondo.
Lacey sorri e assente.
— É, eu também. É como se tivesse coisas demais para as quais se preparar.
— Pois é.
— Espero que a gente continue amigos neste verão — diz ela.
E, por algum motivo, isso ajuda. Nunca se sabe o que pode ajudar.
Radar agora está dizendo que o carro devia se chamar Gray Goose. Eu me inclino para a frente de modo que todos possam me ouvir e digo:
— Dreidel. Quanto mais forte girar, melhor.
Ben concorda. Radar vira para trás.
— Acho que você deveria ser nosso escolhedor oficial de nomes.
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