Depois de mais de mil setecentos e setenta quilômetros em rodovias interestaduais, chegou a hora de pegar a saída.
É absolutamente impossível dirigir a cento e vinte e três por hora em uma estrada de mão dupla que vai para o norte, em direção a Catskills. Mas vai dar tudo certo.
Radar, sempre um estrategista brilhante, economizou trinta minutos na conta sem nos avisar. É lindo aqui, o sol do final da manhã banhando a floresta de árvores antigas. Mesmo os prédios de tijolo dos vilarejos decadentes pelos quais passamos parecem bem definidos sob esta luz.
Lacey e eu estamos dizendo a Ben e a Radar tudo em que conseguimos pensar, na esperança de que isso possa ajudá-los a encontrar Margo. Fazendo com que eles se lembrem dela. Fazendo com que a gente se lembre dela. O Honda Civic prateado. O cabelo castanho e liso. Seu fascínio por prédios abandonados.
— Ela carrega sempre um caderninho preto — digo.
Ben se vira para mim:
— Tá legal, Q. Se eu vir uma garota exatamente igual a Margo em Agloe, Nova York, não vou fazer nada. A menos que ela tenha um caderninho. Essa vai ser a dica.
Dou de ombros. Só quero me lembrar dela. Uma última vez, quero me lembrar dela enquanto ainda espero vê-la novamente.
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