sexta-feira, 1 de agosto de 2014

6° Capitulo - A Escolha


MAXON E EU NOS ENTREOLHAMOS, e depois voltamos a atenção para os rebeldes.
— Você ouviu bem. Sou um Illéa, e legítimo. E minha companheira aqui também será, mais cedo ou mais tarde, quando nos casarmos — disse August, apontando para a moça.
— Georgia Whitaker — ela se apresentou. — E, claro, sabemos tudo sobre você, America.
Ela abriu outro sorriso para mim, que retribuí. Eu não sabia bem se confiava nela, mas com certeza não a odiava.
— Então meu pai tinha razão — Maxon suspirou. Arregalei os olhos, confusa. Ele sabia que havia descendentes diretos de Gregory Illéa por aí? — Ele me avisou que vocês viriam atrás da coroa algum dia — completou.
— Não quero sua coroa — August garantiu.
— Que bom, porque pretendo governar este país — Maxon disse. — Fui criado para isso. Se você acha que pode chegar aqui alegando que é tataraneto de Gregory…
— Não quero sua coroa, Maxon! Destruir a monarquia faz mais o estilo dos rebeldes do sul. Nós temos outras metas.
August sentou-se à mesa e reclinou a cadeira. Em seguida, como se estivéssemos em sua casa, indicou as cadeiras do lado oposto, nos convidando a sentar.
Maxon e eu nos entreolhamos mais uma vez, mas sentamos; Georgia logo fez o mesmo. August nos encarou por um instante, como se estivesse nos avaliando ou decidindo por onde começar.
Maxon, talvez para lembrar a todos quem mandava ali, quebrou o silêncio.
— Vocês querem chá ou café?
Georgia ficou radiante:
— Café?
Maxon não conteve o sorriso diante do entusiasmo dela e se virou para chamar um dos guardas.
— Você poderia pedir a uma das criadas para trazer café? E bem forte, por favor — ele disse, e depois voltou a se concentrar em August. — Não consigo imaginar o que deseja de mim. Você fez questão de vir enquanto o palácio dormia. Suponho que queira manter a visita o mais discreta possível. Diga o que quer. Não posso prometer atendê-lo, mas escutarei.
August assentiu e se aproximou mais da mesa.
— Há décadas temos procurado os diários de Gregory. Faz tempo que sabemos de sua existência e recentemente conseguimos uma confirmação de uma fonte que não posso revelar.
Depois, olhando para mim, prosseguiu:
— Não foi através da sua apresentação no Jornal Oficial que ficamos sabendo.
Respirei aliviada. Assim que ele mencionou os diários comecei a me xingar mentalmente e me preparar para quando Maxon acrescentaria esse fato à lista de coisas estúpidas que eu já tinha feito.
— Nunca quisemos derrubar a monarquia — August disse a Maxon. — Apesar de ela ter surgido de maneira corrupta, não vemos problema em ter um líder soberano, principalmente se esse líder for você.
Maxon permaneceu imóvel, mas pude sentir seu orgulho.
— Obrigado.
— Gostaríamos, sim, de outras coisas. De algumas liberdades específicas. Queremos poder assumir cargos públicos e o fim das castas.
August disse tudo aquilo como se fosse fácil. Se tivesse visto o caos que aconteceu quando minha apresentação foi cortada no Jornal Oficial, saberia que era bem mais complicado.
— Você fala como se eu já fosse o rei — Maxon respondeu, visivelmente frustrado. — Mesmo que fosse possível, simplesmente não tenho como atender sua reivindicação.
— Mas você está aberto à ideia?
Maxon levou as mãos à cabeça e depois as deixou cair sobre a mesa.
— É irrelevante se estou ou não aberto à ideia — afirmou, inclinando-se para a frente. — Eu não sou o rei.
August soltou um suspiro e olhou para Georgia. Eles pareciam se comunicar sem precisar de palavras; fiquei impressionada com aquela intimidade tão natural. Ali estavam em uma situação muito tensa – em que haviam se metido sem saber se sairiam –, e o sentimento que havia entre os dois era evidente.
— Por falar em reis — Maxon acrescentou —, por que não explica a America quem você é? Tenho certeza de que o faria muito melhor do que eu.
Eu sabia que Maxon estava tentando ganhar tempo para pensar em como controlar a situação, mas nem me importei. Estava morrendo de vontade de saber.
August abriu um sorriso insosso.
— Essa é uma história interessante — começou, seu tom de voz dando indícios de como seria empolgante. — Como você sabe, Gregory teve três filhos: Katherine, Spencer e Damon. Katherine teve um casamento arranjado com um príncipe, Spencer morreu e Damon herdou o trono. Depois, quando o filho de Damon, Justin, morreu, seu primo, Porter Schreave, tornou-se príncipe e se casou com a viúva de Justin, que vencera a Seleção meros três anos antes. E desde então os Schreave se tornaram a família real. Não deveriam existir descendentes de Illéa. Mas nós existimos.
— Nós? — indagou Maxon, como se quisesse saber números.
August apenas concordou com a cabeça. Passos ressoaram no salão, anunciando a chegada da criada. Maxon levou um dedo aos lábios, pedindo a August que não dissesse nada na frente dela, como se ele já não fosse fazer isso. A criada pôs a bandeja sobre a mesa e serviu café para todos. Georgia agarrou sua xícara imediatamente, ansiosa para que fosse cheia. Eu não ligava muito para café – amargo demais para o meu gosto –, mas como sabia que me manteria acordada, resolvi tomar.
Antes que eu desse o primeiro gole, Maxon me passou o açucareiro, como se soubesse que eu ia precisar.
— Você dizia? — retomou Maxon, tomando o café puro.
— Spencer não morreu — August disse sem cerimônias. — Ele sabia o que o pai tinha feito para tomar o país. Sabia que sua irmã havia sido praticamente vendida para se casar com uma pessoa que odiava e sabia que o mesmo aconteceria com ele. Mas ele não poderia suportar. Então resolveu fugir.
— Para onde ele foi? — perguntei, na minha primeira intervenção na conversa.
— Escondeu-se com amigos e parentes. Acabou por criar um acampamento no norte, para pessoas que partilhavam das suas ideias. A região é fria, úmida e bem mais difícil de navegar, então ninguém se arrisca a ir para lá. Vivemos em paz a maior parte do tempo.
Georgia, um tanto chocada, lhe deu um cutucão.
August caiu em si.
— Parece que acabei de dar as coordenadas para que vocês nos ataquem. Quero apenas lembrá-lo de que nunca matamos nenhum conselheiro ou funcionário real e evitamos feri-los a todo custo. Nosso objetivo sempre foi acabar com as castas. Para isso, precisávamos de uma prova de que Gregory fora o homem que sempre nos contaram que tinha sido. Temos essa prova agora, e America deu pistas suficientes para nos sentirmos seguros em usar isso a nosso favor. Mas não queremos. A não ser que seja extremamente necessário.
Maxon virou sua xícara de café e a pôs de lado.
— Honestamente, não sei o que fazer com essa informação. Você é um descendente direto de Gregory Illéa, mas não quer a coroa. Veio em busca de coisas que apenas o rei poderia oferecer, mas pediu uma audiência comigo e com uma das garotas da Elite. O rei nem sequer está no palácio.
— Nós sabemos — disse August. — Foi tudo planejado.
Maxon bufou.
— Se vocês não querem a coroa e só pedem coisas que não estão ao meu alcance, por que estão aqui?
August e Georgia se entreolharam, talvez se preparando para revelar o objetivo principal daquela conversa.
— Viemos fazer esses pedidos a você porque sabemos que você é sensato. Nós o observamos durante sua vida inteira. Podemos ver isso em seus olhos. Vejo isso agora.
Tentei ver discretamente qual era a reação de Maxon a essas palavras. August prosseguiu:
— Você também não gosta das castas. Não gosta da forma como seu pai manda e desmanda no país. Não quer participar de guerras que sabe que não passam de distrações. Mais do que isso, você deseja viver um período de paz. Imaginamos que, quando você for rei, as coisas podem mudar de verdade. E há muito tempo esperamos por isso. Estamos preparados para esperar um pouco mais. Os nortistas estão dispostos a nunca mais atacar o palácio e a fazer o possível para deter ou diminuir os ataques sulistas. Nós sabemos de muitas coisas que acontecem fora dos muros do palácio às quais você não tem acesso. Vamos jurar fidelidade caso você se comprometa a trabalhar para que cada habitante de Illéa finalmente tenha a chance de viver sua própria vida.”
Maxon parecia não saber o que dizer, então decidi me intrometer:
— E o que os rebeldes do sul querem, afinal? Matar todos nós?
August balançou a cabeça, sem concordar nem negar.
— Em parte sim, mas só para que não haja ninguém para combatê-los. Uma parcela muito grande da população é oprimida, e essa parcela, cada vez maior, chegou à conclusão de que poderia administrar o país com as próprias mãos. America, você é Cinco; conhece gente que odeia a monarquia.
Maxon virou discretamente para mim. Inclinei levemente a cabeça para confirmar.
— Claro que conhece. Porque a única opção de quem está por baixo é culpar quem está no topo. No caso deles, os motivos para isso são mais que suficientes. Afinal, foi alguém da primeira casta que os condenou a uma vida sem esperança de melhora. Os comandantes do sul convenceram seus seguidores de que o jeito de recuperar o que acreditam ser deles é tomar tudo da monarquia. Mas há pessoas que desertaram do comando rebelde do sul e agora estão comigo. Para mim está claro que, caso os sulistas assumam o poder, não teriam intenção nenhuma de distribuir a riqueza. Quando na história isso aconteceu?
“O plano deles é destruir Illéa, tomar o poder, fazer um punhado de promessas e manter todos onde já estão agora. Para a maioria das pessoas, a situação certamente iria piorar. Quem for Seis ou Sete não vai ascender, com exceção de alguns rebeldes selecionados em nome do espetáculo. Os Dois e Três terão todos os bens confiscados. Muita gente vai se sentir vingada, mas isso não vai solucionar tudo.
“Se não houver estrelas do pop vomitando aquelas canções imbecis, não haverá músicos trabalhando no estúdio durante as gravações nem funcionários de um lado para o outro com as mídias nem comerciantes para vender os álbuns. Tirar uma pessoa do topo destrói milhares que estão embaixo.”
August fez uma pausa. Parecia consumido por essas preocupações. Em seguida, prosseguiu:
— Será como ter Gregory de novo, mas pior. Os sulistas podem ser mais sanguinários do que vocês jamais seriam. As chances de o país reagir são quase nulas. Será a velha opressão de sempre, apenas com um novo nome… e seu povo sofrerá mais do que nunca.
Ele olhou fixamente para Maxon. Eles pareciam se entender, talvez por ambos terem nascido para liderar.
— Tudo o que precisamos é de uma garantia, e faremos o máximo possível para ajudá-lo a mudar as coisas, com paz e justiça. Seu povo merece uma chance.
Maxon baixou o olhar. Eu não conseguia imaginar o que se passava na cabeça dele.
— Que tipo de garantia? — perguntou enfim, um pouco hesitante. — Dinheiro?
— Não — August respondeu, quase rindo. — Temos mais recursos do que você imagina.
— E como isso é possível?
— Doações — explicou o rebelde com simplicidade.
Maxon assentiu, mas para mim aquilo era uma surpresa. As doações indicavam que havia pessoas – sabe-se lá quantas – que apoiavam a causa dos rebeldes nortistas. Qual seria a força deles se esses doadores fossem considerados? Quantos cidadãos de Illéa desejavam exatamente a mesma coisa que aqueles dois tinham ido ao palácio pedir?
— Se não é dinheiro — Maxon disse afinal — o que vocês querem?
August se virou para mim.
— Escolha ela.
Escondi o rosto entre as mãos. Sabia como Maxon ia reagir àquilo.
Houve um longo silêncio antes de ele perder a paciência.
— Não vou mais tolerar ninguém dizendo com quem devo ou não me casar! É com a minha vida que vocês estão brincando!
Levantei os olhos e vi August levantar do outro lado da mesa.
— E já faz anos que o palácio brinca com a vida dos outros. Cresça, Maxon. Você é o príncipe. Se você quer a maldita coroa, então fique com ela. Só que esse privilégio traz responsabilidades.
Os guardas começaram a vir em nossa direção cautelosamente, alarmados com o tom de voz de Maxon e a postura agressiva de August. De onde estavam, com certeza já conseguiam ouvir tudo.
Maxon se levantou para responder:
— Vocês não vão escolher minha esposa e ponto final.
August, sem baixar a cabeça, recuou e cruzou os braços.
— Está bem! Temos outra opção se esta aqui não funcionar.
— Quem?
August fez uma cara de tédio.
— Não vou dizer depois da reação que você teve com a nossa primeira proposta.
— Vamos, fale!
— Esta aqui ou aquela, pouco importa. Só precisamos da garantia que você escolherá uma companheira que concorde com o plano.
— Meu nome é America — eu disse, irritada. Em seguida, levantei e o encarei direto nos olhos. — Não sou esta aqui. Não sou um brinquedo da sua revoluçãozinha. Você fala muito de dar a todos de Illéa a chance de viver a vida que quiserem. E eu? E o meu futuro? Não entra no plano?
Fiquei olhando para eles, à espera de uma resposta. Em vão. Os dois rebeldes permaneceram calados. De esguelha, pude ver os guardas nos cercarem. Baixei a voz e prossegui:
— Sou totalmente a favor de acabar com as castas, mas não sou um fantoche. Se é isso que você quer, há uma moça no andar de cima completamente apaixonada que atenderia a qualquer pedido só para se casar com o príncipe. E as outras duas… entre o dever e o prestígio, também fariam seu jogo. Vá atrás de uma delas.
Sem pedir licença, dei as costas para ele e saí pisando o mais firme possível para uma pessoa de pantufas e roupão.
— America, espere! — Georgia gritou. Eu já tinha cruzado a porta quando ela me alcançou. — Só um minuto! — insistiu.
— O que foi?
— Sentimos muito. Pensávamos que vocês dois estivessem apaixonados. Não fazíamos ideia de que ele se oporia à proposta. Tínhamos certeza de que Maxon iria concordar.
— Vocês não entendem. Ele está cansado de ser controlado e maltratado… Vocês não sabem pelo que Maxon passou.
Senti as lágrimas brotarem. Pisquei para não chorar e resolvi prestar atenção nos desenhos da jaqueta de Georgia.
— Sei mais do que você pensa — ela disse. — Talvez não tudo, mas muita coisa. Temos acompanhado a Seleção de perto e vocês dois sempre pareceram se dar tão bem. Ele fica tão feliz ao seu lado. Além disso… sabemos que você salvou suas criadas.
Levei um segundo para entender exatamente o que aquilo significava. Quem estaria nos observando a mando deles?
— E vimos o que fez por Marlee. Vimos você lutar. E também teve sua apresentação alguns dias atrás. — Georgia riu. — É preciso ter muita coragem para fazer o que você fez — continuou. — Uma garota corajosa seria de grande ajuda para nós.
Discordei dela.
— Não tentei bancar a heroína. Na verdade, na maior parte do tempo não me sinto nem um pouco corajosa.
— E daí? Não importa o que você pensa do seu caráter. Só importa o que você faz com ele. Você, mais que as outras, faz o que é certo antes de pensar nas consequências para si mesma. Maxon tem outras ótimas candidatas lá em cima, mas elas não sujariam as mãos para mudar as coisas. Não como você.
— Boa parte do que fiz foi egoísta. Marlee era importante para mim, e as minhas criadas também.
Georgia chegou mais perto.
— Mas essas ações não tiveram consequências?
— Sim.
— E você provavelmente sabia disso. Mas agiu mesmo assim, para ajudar quem não podia se defender. Isso é especial, America.
Foi um elogio diferente dos que eu costumava ouvir. Sabia lidar com meu pai dizendo que eu era uma ótima cantora, ou com Aspen falando que eu era a coisa mais linda que ele já vira… mas isso? Era quase atordoante.
— Para ser sincera, depois de certas coisas que você fez, é inacreditável que o rei a tenha deixado ficar. Toda aquela história no Jornal Oficial… — ela comentou.
Dei risada.
— Ele ficou tão bravo — respondi.
— Fiquei impressionada por você ter saído viva de lá!
— Foi por um fio, para falar a verdade. E quase todos os dias me sinto a ponto de ser enxotada.
— Mas Maxon gosta de você, certo? O jeito como ele te protege…
Dei de ombros.
— Há dias em que tenho certeza e outros em que não tenho ideia. Hoje não é um bom dia. Ontem também não foi. Nem anteontem, na verdade.
Ela concordou com a cabeça.
— Bom, de qualquer jeito continuamos na torcida por você.
— Por mim e por outra — corrigi.
— Verdade.
Mais uma vez, ela não deu pistas sobre a outra favorita.
— Qual o motivo daquela reverência na floresta? Só tirar sarro da minha cara? — perguntei.
Georgia abriu um sorriso.
— Sei que às vezes pode não parecer, mas a família real é realmente importante para nós. Sem ela, os rebeldes do sul vão vencer. E se eles assumirem o poder… Bom, você ouviu o que August disse. — Georgia sacudiu a cabeça. — Em todo caso, eu tinha certeza de que estava diante da minha futura rainha, então achei que você merecia ao menos uma reverência.
O raciocínio dela era tão simples que me fez rir mais uma vez.
— Você não imagina como é bom conversar com uma garota que não é minha concorrente.
— Está ficando de saco cheio? — perguntou, solidária.
— Quanto menos gente, pior. Quer dizer, eu sabia que seria assim, mas… acho que tenho me preocupado mais com garantir que as outras não sejam escolhidas, em vez de tentar ser a garota que Maxon vai escolher. Não sei se faz sentido.
Ela concordou com a cabeça.
— Faz. Mas, ei, foi você quem se inscreveu.
Achei graça.
— Na verdade, não. Fui meio que… encorajada a pôr meu nome. Não queria ser princesa.
— Sério?
— Sério.
Georgia sorriu.
— Não desejar a coroa talvez a torne a melhor pessoa para usá-la.
Olhei para ela. Seus olhos muito vivos me convenceram de que ela acreditava naquilo de verdade. Queria ter perguntado mais, mas Maxon e August saíam do Grande Salão. Os dois surpreendentemente calmos. Somente um guarda os seguia, à distância. August olhava para Georgia como se tivesse sofrido por ficar longe dela, mesmo que apenas por alguns minutos. Talvez essa tenha sido a única razão para ela ter ido ao palácio junto com ele naquela noite.
— Está tudo bem, America? — Maxon perguntou.
— Sim. — Minha capacidade de olhar diretamente para ele tinha desaparecido mais uma vez. — É melhor você ir se arrumar — comentou. — Os guardas juraram segredo, e gostaria que você fizesse o mesmo.
— Claro.
Ele parecia não ter gostado da maneira fria como respondi, mas o que mais eu poderia fazer naquele momento?
— Sr. Illéa, foi um prazer. Falaremos novamente em breve — Maxon disse para August, estendendo a mão para cumprimentá-lo.
— Se precisar de algo, não hesite em pedir. Estamos realmente ao seu lado, Alteza.
— Obrigado.
— Vamos, Georgia. Os guardas parecem estar se segurando para não atacar.
A moça riu.
— Nos vemos por aí, America.
Concordei com a cabeça, certa de que nunca mais a veria e triste por isso. Ela passou por Maxon e deu a mão para August.
Com um guarda na escolta, os dois cruzaram a imensa porta do palácio, deixando Maxon e eu a sós no vestíbulo.
Então ele olhou para mim. Balbuciei algo e apontei para as escadas, me dirigindo para lá. Sua rápida objeção para me escolher apenas trouxera de volta a mágoa que suas palavras tinham me causado no dia anterior, na biblioteca. Pensei que estivéssemos entendidos depois do abrigo. Mas parecia que tudo tinha ficado mais complicado do que antes, quando eu ainda tentava decidir o quanto gostava dele.
Eu não sabia o que isso significava para nós. Nem se ainda havia um nós com que valesse a pena me preocupar.

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