sexta-feira, 1 de agosto de 2014

7° Capitulo (3p) - Cidades de Papel

Finalmente passamos por um caminhão atravessado na pista e voltamos à velocidade normal, mas Radar faz as contas de cabeça e diz que precisamos manter a velocidade média de cento e vinte e cinco quilômetros por hora daqui até Agloe. Já se passou uma hora inteirinha desde que Ben avisou que precisava ir ao banheiro, e o motivo é um só: ele está dormindo.
Exatamente às seis da tarde ele tomou um pouco do remédio para gripe. Se deitou no último banco, e então Lacey passou os dois cintos de segurança nele. O que o fez ficar ainda mais desconfortável, mas 1) Era para o próprio bem dele e 2) Todos nós sabíamos que em vinte minutos nenhum desconforto faria diferença, porque ele iria apagar de qualquer jeito. E é assim que ele está agora. Vamos acordá-lo à meia-noite. E eu acabei de colocar Lacey para dormir, às nove da noite, na mesma posição no banco atrás de mim. Vamos acordá-la às duas da manhã. A ideia é dormir em turnos para não ficarmos caindo no sono de manhã, quando estivermos chegando a Agloe.


A minivan se tornou uma espécie de casa: eu estou no banco do carona, que é a sala de visitas. A meu ver, é o melhor cômodo: tem bastante espaço e o assento é bem confortável. Sob o banco do carona fica o escritório, que contém o mapa dos Estados Unidos que Ben comprou no posto, o itinerário que eu imprimi da internet e o pedaço de papel no qual Radar fez as contas de velocidade e distância.
Radar está no banco do motorista. A sala de estar. É bem parecida com a sala de visitas, só que você não pode relaxar enquanto está nela. É mais limpa também. Entre a sala de estar e a sala de visitas, fica o console central, ou a cozinha. É ali que guardamos um vasto estoque de tirinhas de carne-seca, barrinhas de cereal e um energético milagroso chamado Bluefin, que Lacey incluiu na lista de compras.
O Bluefin vem em uma garrafinha de vidro toda enfeitada e tem gosto de algodão-doce azul. Também deixa a pessoa mais acordada do que qualquer outra coisa na história da humanidade, embora cause alguns tremeliques. Radar e eu concordamos em continuar bebendo Bluefin até duas horas antes do nosso turno de descanso. O meu começa à meia-noite, quando Ben acordar.
O banco atrás de mim é o primeiro quarto. É o pior quarto, porque fica perto da cozinha e da sala de estar, onde as pessoas estão acordadas e conversando, e de vez em quando o rádio fica ligado.
Atrás dele fica o segundo quarto, que é mais escuro, silencioso e, em geral, muito melhor do que o primeiro.
E no porta-malas fica a geladeira, ou o isopor, que atualmente contém duzentas e dez garrafas de cerveja nas quais Ben ainda não mijou, os sanduíches de peito de peru que parece muito mais com presunto e algumas Cocas.
A casa como um todo tem muitos pontos positivos. É toda acarpetada. Tem ar-condicionado e aquecimento central. Sistema de som em todos os cômodos. É verdade que possui apenas dezesseis metros quadrados de área útil. Mas o layout aberto é imbatível.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor evite xingamentos